segunda-feira, 8 de abril de 2019



COMPOSIÇÃO POÉTICA by L.C. Balreira Copyright © 2017
Dedicado à Marlúcia.


PAIXÃO QUÂNTICA NO DESERTO CÓSMICO
Sob o olhar dos capitéis das colunas clássicas do tempo
Duas partículas se encontraram
Mergulharam nas profundezas do átomo
Deslizaram nas ondas sintéticas da sinfonia atômica
Sedentos seduziram-se no sabor saudável de seus corpos
Na carona da nave “Cometa Íon” a procura do refúgio amante.
Em órbitas mais distantes
Cresce o envolvente desejo que oculto em murmúrios
Se emite para o íntimo das emoções.
Entre o pulsar sincronizado de seus corações amantes
Descobriram a energia da força forte do amor.
Pelo deserto cósmico ecoou o cantar aéreo e dinâmico
Do último rouxinol mecânico.
Na visita do ato o inocular do pólen através da fenda macia:
Era o jato da massa no espaço-tempo da matéria corpórea
Irradiadas por impulso estranho partiram as seivas de suas fontes 
 Para a união de um segundo encontro;
Palpitaram os corações pelo estremecer do ânimo que cessava ardente.
Nos painéis de controle o quantum de servidão humana
Do sentinela robô da estação orbital.
Que pousada exótica! Que leito envolvente!
Então...buscaram no além do acontecer
A paz que serenou o êxtase
Ocultando-o na pausa suave e envolvente do repouso.




POESIA by L.C. Balreira Copyright © 2017

TRÁGICA, ETERNA E ESFUMADA ESCURIDÃO

Empalideci no confronto cruel com a palidez da realidade.
Senti meu corpo escorrer pelos espinhos da fatalidade.
Estarreci-me diante do desengano das circunstâncias.
Vi na busca da alegria o veneno do teu velório.
Banhei-me na poeira da agonia.
Na jornada pelos labirintos do destino
O desencontro com a vida que se torna pó
Lugar onde agora tenho mais pressa de chegar
E que nunca imaginei você antes de mim.
Enturvei-me na torrente da mágoa.
Raso revés inflamável de encontro ao trovão.
Brota-me feridas de roxo véu
Jorrando-lhe sombras de sinistro enigma.
Ouvi vozes proféticas de dias de muitas trevas.
Remói-me a separação sepulta da desunião desumana.
Em desespero despeço-me deste abandono.
Desespero seria dizer adeus
Pois contigo sempre rogo estar
Mesmo sem violar o vínculo de teu silêncio.
Padecerá trêmula a traição que nos marcou
Pois no intento de separar-nos
Viu a morte não ser o fim
Mas apenas uma nova etapa no infinito amor.
Ao perverso castigo revido com ironia
Flutuando sobre sua lama
Com a força da paixão eterna
Na repulsa à renúncia infinita.
Jamais jazigo algum enterrará minha saudade
Na mancha de pó que paira sobre as ruínas
Transpira, rompendo em lágrimas
O vagar do último torvelinho.
A ânsia de minha alma
Estará sempre à procura de sua solidão.
No horizonte do meu olhar
Estará sempre você na minha viagem,
Longa ou curta, longa ou breve seja ela
Diante do meu rastro você permanecerá.