quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A MEDICINA BRASILEIRA E O FANATISMO RELIGIOSO


Na era da informação, do conhecimento e das comunicações, a palavra formatura perde sua razão de ser. A medicina e todas as demais profissões enfrentam novos desafios a cada hora, e o ser humano é um solucionador nato de problemas contingenciais; e é justamente isso que nos diferencia das outras espécies. Por isso, o médico deve estar a par dos avanços diários advindos de todos os grandes centros científicos e tecnológicos.

O médico brasileiro que trabalha no Sistema Único de Saúde enfrenta desafios mais tenebrosos do que os sete trabalhos de Hércules; as péssimas condições de saúde do povo brasileiro; as condições brutais em que o médico trabalha, e o pagamento irrisório que recebe, são alguns exemplos. Por isso, muitos de vocês terão de se tornar super-homens e as médicas verdadeiras mulheres-maravilha.

Nunca em tempo algum a medicina brasileira esteve tão desacreditada. Estamos sendo atacados por todos os lados. A mídia brasileira corre sempre que um caso aparente ou verdadeiro de erro médico acontece ou quando não há um médico para atender um paciente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que haja um médico para cada grupo de mil habitantes, no Brasil temos dois médicos para cada mil habitantes. Portanto, temos o dobro do necessário. Se bem que a OMS talvez não tenha levando em consideração o estado de saúde da população. Mesmo assim, pergunta-se: Por que o caos na saúde pública brasileira?

Isso deixa a medicina brasileira como um todo vulnerável até mesmo aos ataques dos fanáticos religiosos e milagreiros de plantão que estão tentando de todas as formas desmoralizar os médicos.  Bispos e Apóstolos milagreiros e ex-pacientes não agradecem nem mesmo os exames e os diagnósticos.

Entretanto, enquanto os cães ladram a caravana da medicina marcha em direção ao futuro, com a clonagem, com as células-tronco, e com milhares e milhares de pesquisas de ponta, em todo Planeta.  A medicina é a única profissão que luta diariamente para acabar consigo mesma. Ela avança a cada minuto, a cada hora, enquanto a corrupção e a incompetência da política, bem como o fanatismo religioso, que tantas desgraças já causaram à humanidade – e que continuam causando – haverão de voltar à Idade das Cavernas e à Idade das Trevas.

Eu calculo que a medicina convencional seja responsável por 99% dos tratamentos bem sucedidos das doenças graves curáveis, e que o restante, ou seja, 1% fique por conta dos tratamentos alternativos (que são milhares de tipos) bem como com as curas milagrosas, placebos e sugestões mentais.

A mente, como sabemos, tem o formidável poder tanto de curar quanto de causar anormalidades graves no organismo. Isto já foi descrito pelo ateu e médico Sigmund Freud, o criador da psicanálise, um dos grandes baluartes da medicina, em todos os tempos. O exemplo mais corriqueiro disso é a barriga crescida ou a falsa gravidez construída através da ordem mental da mulher estéril que sonha desesperadamente com um filho. Temos também a notícia do maratonista da Grécia Antiga que só caiu morto depois de passar a informação vital para seu povo.

Na natureza temos também milhares de exemplos. Qual será o tamanho do cérebro de um aracnídeo?  Pois bem, existe um deles, minúsculo, e quando adolescente, recebe a ordem de deixar a “casa materna”. Depois disso, simplesmente constrói seu parapente e vai embora, como que dizendo: “estou indo para onde o vento me levar”.

Estamos apenas adentrando na era da informação e das comunicações. De acordo com o calendário cósmico do grande astrônomo americano Carl Sagan, o progresso da medicina está acontecendo há apenas alguns milésimos de segundo.

Portanto, quando alguém tentar denegrir a imagem da medicina brasileira lembrem-se que os grandes cientistas médicos são considerados os maiores benfeitores da humanidade. O resto é inveja, despeito e arrogância. Sabemos que os problemas existentes na medicina, não só no Brasil como no mundo todo, são muitos. Entretanto, haveremos de superá-los. Porém, certos comportamentos por parte de alguns médicos são imperdoáveis, podemos citar três: a desumanidade, a ambição desmedida por dinheiro e a arrogância.

A medicina se tornou indispensável para a humanidade, e o profissional deve envidar seus melhores esforços para torná-la humana, até mesmo para compensar os tratamentos invasivos e desconfortáveis, característicos de vários tratamentos. O médico não pode ter preconceitos, pois preconceito e dogmatismo são características do fanatismo religioso. Imaginem que houvesse somente a opção de curas religiosas milagrosas (placebo, sugestão mental, poder positivo da mente); o que seria dos mais de 2 bilhões de ateus, secularistas e agnósticos do mundo? O que seria dos bilhões de seguidores de outras crenças não cristãs? O que seria dos homossexuais, que já foram massacrados no passado e ainda continuam sendo hostilizados pelas principais religiões do mundo? 

Embora seja dito que fomos criados à imagem e semelhança de Deus é a salamandra que tem poder de reconstituir integralmente uma perna perdida. O tubarão, por sua vez, restitui milhares de dentes perdidos durante a vida. Porém, haverá de chegar o dia em que a medicina terá cura para todas as doenças e fará com que cada ser humano possa viver trezentos ou quatrocentos anos. Não sobrará milagre algum para os fanáticos religiosos. Nesse dia, porém, os médicos também serão hostilizados pelos fanáticos; provavelmente a medicina será acusada de provocar a superpopulação na Terra e de ser responsável pelo apocalipse ambiental. Porém, quando os médicos estiverem sendo crucificados restar-lhes-á um consolo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário